Perspectivas na América Latina.
Durante o workshop exploratório dedicado ao conceito de "uso transformativo" como uma exceção nos direitos de autor, foram abordados vários aspectos-chave que definem este termo e a sua aplicação prática.
Como exemplo, no campo das artes visuais, foi discutido como a ressignificação permite a criação de novas obras com diferentes propósitos e mensagens, o que é considerado essencial para o uso transformador. Essa exceção se justifica não apenas pela inovação criativa, mas também porque devem ser considerados outros direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, que podem se sobrepor aos direitos autorais. Foi também salientado, face à inadequação regulamentar, que embora a paródia não seja explicitamente reconhecida em muitas leis de direitos de autor, pode ser argumentada numa perspetiva constitucional. O foco não deve ser o autor ou a obra original, mas a criatividade e originalidade da nova obra resultante para analisar a viabilidade da exceção.
Aplicação prática da utilização transformadora pelos sectores económicos produtivos. Conteúdo Gerado pelo Utilizador (UGC)
No contexto digital, plataformas como o TikTok e o YouTube revolucionaram a forma como se concebe a utilização transformadora, permitindo aos utilizadores criar conteúdos que, embora transformem significativamente a obra original, nem sempre se qualificam automaticamente como utilização transformadora. Neste caso, é essencial refletir sobre a natureza da utilização e não apenas sobre o seu objetivo comercial, uma vez que o público de hoje contribui ativamente para a criação de conteúdos. A indústria do entretenimento, incluindo os jogos de vídeo e o metaverso, enfrenta novos desafios e oportunidades no que respeita aos conteúdos gerados pelos utilizadores (UGC), sublinhando a necessidade de equilibrar a proteção dos direitos de autor com as práticas actuais de comunicação e participação social.
Uso Transformativo em Tecnologia e Inovação
Por último, foi sublinhado que a chave para uma utilização transformadora reside na inovação e na capacidade de responder imediatamente às tendências actuais. Estamos numa fase incipiente de aplicação destes conceitos e é necessária uma adaptação contínua para integrar os modelos comerciais emergentes com as excepções educativas e de investigação, que são atualmente muito restritivas. Num ambiente em que as práticas sociais estão em constante evolução, é imperativo encontrar formas de recompensar os artistas e criadores originais, incentivando simultaneamente a criatividade e o desenvolvimento de novas obras. A solução poderá passar por encontrar um equilíbrio contratual nos conteúdos originais dos utilizadores, permitindo assim uma coexistência harmoniosa entre os direitos de autor e os direitos dos utilizadores emergentes.
Foi acordado analisar o resultado deste workshop e avaliar se existe a possibilidade de futuras linhas de investigação, ou se poderia ser utilizado como um contributo aprofundado no projeto anterior para um instrumento regional sobre as utilizações permitidas na legislação sobre direitos de autor.
Equipa SIPLA
Reto Hilty (Max Planck Institute for Innovation and Competition, Germany)
Pedro Batista (Max Planck Institute for Innovation and Competition, Germany)
Matthias Lamping (Max Planck Institute for Innovation and Competition, Germany)
Juan Correa (Observatório de Buenos Aires da Iniciativa SIPLA)
Nicolás Hermida (Observatório de Buenos Aires da Iniciativa SIPLA)
Participantes externos
- María L. Vázquez, Argentina
- Natalia Pennisi, Argentina
- Pablo Wegbrait, Argentina
- Alejo Barrenechea, Argentina
- Juan Darío Veltani, Argentina
- Marcos Wachowicz, Brasil
- Diego Guzmán, Colombia
- Marcela Palacio Puerta, Colombia
- Eduardo de la Parra, México